Senadores não votam mudanças na nova lei trabalhista e prazo termina nesta segunda-feira (23)

Os senadores não fizeram nenhum esforço para votarem a Medida Provisória 808 que alteraria alguns artigos da nova lei trabalhista, em vigor desde novembro de 2017. O prazo final para que ela se tornasse lei termina na próxima segunda-feira (23). A norma tratava de temas como trabalho de gestantes em ambientes insalubres, jornada 12 x 36 e trabalho intermitente. Sem transforma-la em lei surgem dois questionamentos: como ficam os contratos firmados de acordo com a MP? E, sobretudo, como fica a viabilidade da reforma trabalhista?

Antes mesmo da edição, a polêmica em torno da MP de ajustes na Reforma Trabalhista sinalizava o fracasso na tramitação. Cientes de que a maioria para aprovação do projeto da reforma era muito frágil e havia o risco de derrota completa da alteração de pontos do texto que exigiriam uma nova rodada deliberativa na Câmara – naquele momento envolta com a primeira denúncia contra Michel Temer – os líderes governistas fecharam o acordo pelo qual a medida provisória seria editada pelo presidente e o debate e negociação das relações de trabalho continuariam, e em ritmo mais acelerado por força das regas constitucionais de tramitação e aprovação das MPs.

O problema é que o acordo foi construído apenas no Senado. Sem o aval de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já dava sinais de que não era o aliado “obediente” a Michel Temer que todos acreditavam. Informado do acerto entre os senadores da base aliada e o Planalto, Maia afirmou que devolveria a MP 808, ainda que o poder de rejeição das MPs de ofício seja do presidente do Congresso Nacional — no caso, o senador Eunício Oliveira (MDB), representante do estado do Ceará.

Sem acordo nas duas Casas Legislativas para aprovação, as MPs ficam paralisadas. Até a perda de eficácia. E Maia não precisou sequer articular fortemente contra a MP 808. Os próprios líderes da base aliada na Câmara tomaram frente na manobra de “rejeição” da medida.

Demoraram meses para apresentar os indicados para a comissão. Apenas em 6 de março, com a MP 808 já reeditada, houve quórum para eleição do presidente dos trabalhos, o senador Gladson Camelli (PP-AC). O relator-geral da medida, que pelo sistema de rodízio nas comissões seriam um deputado, nunca foi indicado pelas lideranças da Câmara.

A discussão agora está no Tribunal Superior do Trabalho. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Brito Pereira, concedeu 30 dias de prorrogação de prazo para a comissão de ministros que estuda a execução prática da Lei nº 13.467, de 2017, a Lei da Reforma Trabalhista, apresente conclusões à Corte. Advogados, trabalhadores e empresas aguardam com ansiedade a posição do tribunal, especialmente para saber se as novas regras são aplicáveis a processos anteriores à lei. A reforma trabalhista está em vigor desde novembro.

A comissão composta por nove ministros foi criada em fevereiro, quando já se esperava a resolução do impasse que cria insegurança jurídica no mercado. Segundo site do TST, a comissão se reúne periodicamente para analisar os dispositivos recentemente introduzidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).